A Mostra Geração é o segmento infanto-juvenil do Festival do Rio, o maior evento audiovisual da América Latina.

Esse ano estamos celebrando 15 anos.

São vários Programas:

O Internacional, inclui longas vindos de várias partes do planeta/do mundo com temáticas focadas nas crianças e nos jovens.

O Vídeo Fórum apresenta e debate os trabalhos produzidos por eles mesmos. É o momento de ver na tela grande a sua própria produção.

Além disso, a Mostra Geração oferece encontros especiais para educadores e diversas atividades.

Fique de olho: o Festival do Rio 2014 acontecerá entre 24 de setembro e 08 de outubro.

sábado, 4 de outubro de 2014

Resenha da Aula Magna com Jorge Furtado

Resenha da Aula Magna com Jorge Furtado
No último sábado dia 27 de setembro, tivemos a Aula Magna com o premiado cineasta Jorge Furtado, diretor do aclamado “Ilha das Flores (1989)”, além de outros filmes como “O Homem que Copiava (2003 )” e o recém-lançado “O Mercado de Notícias (2014)”. Gaúcho, ele foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, cooperativa de cineastas do sul.

Jorge abriu o debate levantando a seguinte questão: O que é necessário para se fazer um filme? Com a simplicidade que lhe é peculiar, definiu que é preciso selecionar uma entre mil ideias. O cinema é luz e imagem, em uma tela retangular, podendo haver ou não o som. Os elementos fundamentais para a realização de um filme são o tempo e espaço.

Com uma lista que elenca os 10 mandamentos da Good Machine (produção de filme independente de baixo orçamento), Jorge passou por vários aspectos que precisam ser trabalhados e detalhados da melhor maneira possível.  O roteiro e como esmiuçar uma ideia, os personagens e suas características, o espaço e como ele deve ser trabalhado, a cor e como se usa-la ou não de sua ausência para lidar com a intensidade de sua obra.

Após 2 horas de uma belíssima aula, o tempo para a utilização do Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil havia terminado, mas a vontade de trocar experiências era tanta que todos deixaram o teatro e tomaram o hall. Gentilmente Kelly, a gerente do CCBB providenciou outro espaço e inúmeras pessoas se espremeram em outra sala avidas de aprendizado.

Nesse momento foi aberta a sessão de perguntas e naturalmente houve um grande interesse no curta-metragem mais premiado da história do cinema nacional, Ilha das Flores. Ele contou que a ideia nasceu ao pensar em explicar o assunto do filme para um E.T., de tão absurdo que pareceria aos humanos. Jorge não deixou de explicar sobre gêneros cinematográficos. Perguntado sobre qual é a diferença entre documentário e ficção, afirmou que na opinião dele essa diferença é ética, já que a gente só pode acreditar na palavra de quem fez. Por outro lado, um fato oferece diversos pontos de vista.

 Exemplificou com o caso do criador de porcos do “Ilha das Flores (1989)”, que era um cara que todo mundo gostava e o diretor não podia fazer ele assumir um papel pouco nobre no curta. Diante disso o diretor optou por colocar outra pessoa, no caso o motorista da van, representando o dono do terreno. Assim não criou antipatia com alguém que sempre foi visto com bons olhos. Sobre a definição de realidade, ele abordou um ponto que amplia a reflexão: “Ficção você tem certeza de que é verdadeiro e no documentário não”.

Referências de Jorge Furtado
Citações:
“O tempo de um filme deveria ser medido pela bexiga do espectador”.
Luis Buñuel
“O cinema é a música da luz”.
Abel Gance
“Cinema é cachoeira”.
Georges Mélies

Os Dez Mandamentos da Good Machine 
1. O orçamento é a estética - adapte seu roteiro às suas possibilidades. Lembre-se: se a escala de sua história ultrapassa os seus recursos, o público vai achar que algo está faltando e você vai perdê-lo.
2. Realismo custa dinheiro - por isso determine bem suas opções estéticas e atenha-se a elas.
3. Você não pode realizar um filme "no-budget" sem ter um orçamento e ater-se a ele. Saiba o custo de tudo, saiba quanto você já gastou, saiba quanto você ainda vai precisar gastar. 
4. Faça tudo o mais legalmente possível - consiga licenças, escreva memorandos, trate dos direitos autorais, liberações, permissões, etc. Não deixe que nada venha a atrapalhar a obtenção da licença final para a exibição do seu trabalho. 
5. Não faça acordos para conseguir dinheiro que façam com que você se sinta desconfortável ou que possam comprometer muito sua liberdade - seja preciso, claro e inequívoco quanto a sua linha criativa fundamental. 
6. Não seja um idiota com sua equipe (há duas formas de ser idiota: ser rude ou ser desorganizado e desperdiçar o tempo deles). 
7. Se você deixar, as pessoas desaparecem. Alimente bem o elenco e a equipe - uma boa alimentação é meio caminho andado para compensar o mau pagamento. E dez horas de descanso entre os dias de trabalho não é um luxo, mas uma necessidade. 
8. Todos os erros são cometidos na pré-produção. Improvisação e sorte são recursos excelentes durante as filmagens - mas eles não substituem a total falta de preparo. Comunique suas idéias à equipe. Não a obrigue a adivinhar o que você está pensando. 

9. Não perca tempo terminando esta lista. Comece a rodar!

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