Ciências Humanas
Por Bia A. Porto
Resenha crítica do longa VALO
(Valo)
Finlândia/Suécia/Noruega, 2005, 84min.
Direção: Kaija Juurikkalaz
Desde 1809, a Finlândia era um território autônomo do Império Russo e, na época em que a história do filme transcorre, movimentos nacionalistas promoviam rebeliões que eram violentamente retaliadas pelo Czar. O pai de Valo era um rebelde e por isso os dois são exilados em uma pequena aldeia. Na nova escola, o garoto não se conforma com os maus tratos sofridos pelas crianças e o autoritarismo de seu regente, um sacerdote ortodoxo que deixa qualquer um morrendo de medo.
Para a sorte de Valo, uma professora mais compreensiva e amorosa chega à escola e incentiva as crianças a se empenhar nos estudos como forma de se tornarem protagonistas de suas próprias vidas. Obviamente, esse projeto pedagógico libertário não agrada em nada aos comandos do Império e é reprimido. Valo, então, abre uma escolinha alternativa com a ajuda dos amigos e, juntas, as crianças enfrentam a ignorância dos adultos que não entendiam a importância daquela iniciativa.
É interessante ver no filme um pouco da história das instituições de ensino e da história da infância. A escola surgiu com o intuito de disciplinar os indivíduos que não sabem viver em sociedade e sua criação está intimamente relacionada à idéia de infância. Por incrível que pareça, esta nem sempre foi vista como um momento especial do desenvolvimento humano. Na verdade, o conceito de criança varia de acordo com o contexto histórico-cultural, já sofreu diversas transformações e, provavelmente, ainda irá passar por outras mais.
A escola oficial da aldeia de Valo funcionava com regras muito rígidas às quais os alunos deveriam obedecer sem contestar. Era muito raro uma professora como Maria, que ouvia o que a turma tinha a dizer. Pensamentos independentes não eram tolerados e, para piorar, fora da escola os meninos e meninas tinham as mesmas obrigações que os adultos e, se tivessem problemas com a lei, eram julgados em condições injustas, sem terem voz.
Com figurinos coloridos e cenários que retratam com detalhes as fábricas, as estações de trem, o comércio e demais construções da época, o longa coloca a criança contemporânea em contato com uma infância anterior que destaca os direitos conquistados para as crianças de hoje, principalmente o de estudar. É também um bonito relato sobre o estimulante encontro com o conhecimento e sobre a produção do mesmo.
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