Toda Criança é Especial
Por Bia A. Porto
Resenha crítica do longa Somos Todos Diferentes
Taare Zameen Par
Índia, 2007, 165min.
Direção: Aamir Khan
Apesar da questão do filme ser bastante específica, todo mundo se identifica com ele. Toda criança tem suas dificuldades para aceitar as regras e instituições sociais. Todo adulto sofre um pouco com toda a responsabilidade e obrigações da vida contemporânea. Todo mundo já questionou a sociedade. Ishaan, 9 anos, é o pior aluno da classe. Os professores o reprovam, estão sempre expulsando o menino de sala porque ele não presta atenção nas aulas ou, simplesmente, porque ele não limpa seus sapatos. Frequentemente comparado ao irmão mais velho, um dos melhores estudantes da escola, ninguém entende o que há de errado com Ishaan. Rebelde, desajustado, preguiçoso?
Um professor - e que professor(!!!), o galã e diretor do filme Aamir Khan - pode fazer a diferença. Quantos “casos perdidos” contribuíram imensamente para a humanidade? Muitos. Einstein e Leonardo da Vinci, são dois bons exemplos. Diante de histórias assim, o filme critica a escola que exclui, estimulando uma competição frustrante como meta para a vida. E reivindica: somos todos diferentes e toda criança é especial (traduzindo o título em inglês). Por que só o saber que vem dos livros é considerado legítimo? Por que precisamos ficar o tempo todo medindo os rendimentos, a produtividade de seres humanos com critérios de mercado, para avaliar custo e benefício de máquinas? Todos sofrem com isso.
No melhor número musical, sequência que retrata a típica manhã de uma casa com crianças, o tema alterna de um ritmo agitado, expressando o estresse dos pais, ao andamento (sono)lento de uma melodia para o sonho tranquilo de Ishaan. Os adultos correm contra o tempo, já o menino... levanta da cama, mas não acorda. Como em outros momentos do filme, algumas animações se misturam com as imagens dos atores, revelando as idéias de Ishaan, ou, como se diz, mostrando o que se passa na sua “cabeça de vento”. Essa fluidez entre a realidade e a imaginação do menino é um recurso estilístico chamado discurso indireto livre. Diferente das animações em 3D, que estão muito na moda e que jogam objetos para fora da telona, os desenhos aqui funcionam no movimento contrário, atraindo o espectador para dentro do filme, para dividir os pensamentos com o protagonista.
O grande vencedor do júri popular infanto-juvenil da Mostra Geração 2008 conquista porque faz a gente se ver na tela.
3 comentários:
À primeira vista, outra coisa que me chamou muito atenção neste longa, é a direção de arte dele. Apesar de eu ainda não te-lo visto inteiro, deu pra ver que as cores são muito vivas, a luz, os objetos... me parece ser um filme bonito de se ver.
Adorei as animações do "discurso indireto livre"! =)
Parabéns pela resenha, Bia! Ficou 10! Deu vontade de ver o filme!
esse filme é perfeito lindo de se ver pelas cores, formas, luz, enfim, sem falar no enredo que emociona a qualquer pessoa, me emocionei muito pois tbm sofri um pouco de dislexia e disturbios da aprendizagem quando criança, e hoje sou estudante de pedagogia por isso mesmo!
Isabel Aquino-João Pessoa-PB
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