O
AVESSO DAS COISAS
Por
Rita Migliora
Tom, O Garoto Malandro é um filme de Manuel Pradal, que conta
uma fábula onde as crianças são as protagonistas. Narra a história de crianças
pequenas que vão fazer um passeio na floresta com sua professora. Enquanto
estão felizes numa brincadeira de adivinha, a professora come uma fruta
silvestre e desmaia. A partir daí, Pradal conduz uma fantástica aventura. As
crianças pensam que a professora (Sophie) está morta, saem em busca de ajuda e acabam
se perdendo. Elas, então,
encontram um rapaz de 14 anos de idade, Tom, que fugiu para lá após a morte dos
pais. Ele vive em uma árvore de carvalho antigo e propõe um acordo a elas: se
elas desaprenderem tudo o que aprenderam na escola, ele as leva de volta para
seus pais. Tom e as crianças vão viver num mundo onde a experiência e o
instinto são a essência do conhecimento.
Mas as crianças que encontram Tom não são todas as que se
perderam. Somente as que apresentaram maior ingenuidade e bondade infantil,
além do Pequeno Paul, um menino que se junta à turma, mas não fala. Destas
personagens se aproximarão ainda o homem lobo e um grupo de circo.
Com um enredo simples, Pradal retrata um caminho de descobertas
e crescimento através do qual as crianças como protagonistas de suas vidas começam
a alcançar a autonomia. O símbolo do lobo é apresentado como uma natureza
inconveniente e inóspita, representando os testes de iniciação a serem
superados sem a ajuda dos conhecimentos adquiridos até aquele momento. Ao mesmo
tempo em que estão livres da primeira infraestrutura social, a família,
possibilitando a livre expressão de suas emoções espontâneas, também perdem a
tranquilidade que este pertencimento acarreta.
As crianças acreditam nas boas intenções de Tom, com seu
jeito vagabundo. Convivem com o homem lobo e reencontram uma professora que
perdeu a memória. Isso os remete mais ainda a um mundo de fantasia, com sua
criativa imaginação. Um bom filme para todas as idades.
Cabe destacar que este longa-metragem é resultado de um workshop com crianças de 4 a 6 anos das
escolas infantis de “Chaplin”, onde algumas apresentaram grande habilidade
artística, redundando nesta produção executada pela Lanterna Mágica.
Rita Migliora é doutora em Ciências Sociais e integra o Grupo
de Pesquisa em Educação e Mídia (GRUPEM), vinculado ao Departamento de Educação
da PUC-Rio e coordenado pela professora Rosália Duarte.
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