Resenha Crítica do longa BORA BORA (Bora Bora)
Por Rita Migliora
Em BORA BORA, Hans Fabian Wullenweber, diretor premiado no Festival de Berlim, traz o universo dos musicais para contar a história de uma jovem – Mia (15), que se sente desajustada no mundo, com uma relação conflituosa com a mãe, sem amigos na escola e, ainda, sofrendo bullying. A única coisa que faz com prazer é correr.
O filme conta com um bom roteiro, músicas que ecoam bem no universo jovem sem serem óbvias, inseridas de forma azeitada na história.
Mia vive em um confortável apartamento com sua mãe, mas estão em rota de atrito permanente. Mia resolve sair de casa e vai parar nas ruas de Copenhagen onde conhece Zack, que faz parte de um grupo de jovens que pretende viver longe dos pais como batedores de carteiras. Ela resolve se juntar a eles, passando por um processo de iniciação para fazer parte deste grupo. É aceita por eles, por ser uma excelente corredora. Depois de um período inicial de felicidade por se sentir livre, Mia começa a questionar as decisões que tomou.
O grupo parece bastante sedutor, mas também tem seus problemas e segredos. Essa me parece ser a mensagem do filme, que todo processo de crescimento é doloroso e implica em perdas que talvez ainda não estejamos preparados para elaborar. Mas não adianta correr de nós mesmos.
O filme trata destas questões, sobre a transição para o mundo adulto, sem usar a estética padrão de Hollywood, nem faz julgamentos maniqueístas. Além do mais as músicas, em sua grande maioria, são cantadas em dinamarquês, o que para mim é um grande atrativo. Olhar um pouco para outras e mesmas formas de ser jovem.
Rita Migliora é doutoranda em Ciências Sociais e integra o Grupo de Pesquisa em Educação e Mídia (GRUPEM), coordenado pela professora Rosalia Duarte e vinculado ao Departamento de Educação da PUC-Rio.
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